O conteúdo perfeitamente conservado do túmulo de Kha dá-nos o exemplo de uma casa cómoda, pois pensava-se que os mortos no Além tinham necessidade dos mesmos objectos que os vivos. Os objectos eram variados e compreendiam cadeiras, camas, bancos e suportes de vasos. Cestos de palha entrelaçada e vasos, com formas e dimensões variadas, serviam para conservar alimentos. Os cofres contêm objectos de toillete, perucas e vestuário.
Enciclopédia Larousse Jovem
Quando o morto é levado até aos embalsamadores (...), estes começam por mostrar aos familiares vários modelos de sarcófago. Depois de escolhido o modelo, acordado o preço (...), os embalsamadores, com a ajuda de um ferro recurvado passado pelas narinas, extraem uma parte do cérebro, enquanto a outra é dissolvida por meio de substâncias que infiltram. Em seguida fazem uma incisão lateral e retiram do ventre os intestinos; limpam e purificam o corpo com vinho de palma, perfumes em pó e enchem-no com canela e todas as espécies de perfumes, cosendo a pele. Feito isto, secam o corpo num banho de alcatrão e deixam-no aí mergulhado durante setenta dias.
Passado esse tempo, lavam de novo o corpo e envolvem-no em tiras de linho muito finas impregnadas de goma. Então, o morto é entregue aos seus parentes, que mandam fazer um caixão de madeira, com forma humana, onde o introduzem, e o colocam numa câmara funerária, em pé contra a parede.
Heródoto
Após ser fechado no túmulo, acreditava-se que o morto iniciava uma viagem no mundo subterrâneo, onde diversos perigos o espreitavam. Para o ajudar, levava consigo O Livro dos Mortos, onde estavam indicadas diversas orações e instruções para ultrapassar os obstáculos. No final desta viagem, o morto era guiado por Anúbis até ao tribunal de Osíris, onde tinha de negar a prática de 42 pecados. Seguia-se o momento decisivo, que consistia na pesagem da alma. Se o coração fosse mais pesado do que uma pena de avestruz (símbolo da justiça e da verdade), aquele poderia aceder à vida eterna. Caso contrário, o coração seria comido e desaparecia.
Carlos Rebelo e António Lopes, História 7, Didáctica Editora
O acordar do Faraó era uma cerimónia e um espectáculo, a que se admitiam somente as pessoas reais, o vizir (primeiro-ministro), o grande sacerdote, os altos funcionários."Mal acordava, manhã cedo, lia o seu correio, ditava as respostas e, sendo caso disso, convocava o conselho. Depois de banhar-se, e revestido das insígnias da realeza, oferecia um sacrifício aos deuses (...).
Entravam o barbeiro, a manicura e o pedicuro. O rei era lavado, untado, perfumado.
Na cabeça, de cabelo curto, punha uma peruca. Dessas cabeleiras postiças tinha grande variedade, e mudava de cabeleira conforme as ocasiões. Sobre ela usava um diadema ou uma coroa (...). Da peruca pendia, dando volta à cara, uma barba postiça, quando em trajo de festa.
Uma tanga mais rica e de forma diferente das das outras pessoas, constituía o essencial do vestuário. Ao pescoço, vários colares preciosos, de que pendia um peitoral; nos braços e pernas, pulseiras. Às vezes, vestia sobre tudo isso uma túnica leve e transparente, de mangas curtas . Os pés descalços, ou calçados de ricas sandálias.
Pierre Montet, A Vida Quotidiana no Egipto no tempo de Ramsés
Quéope obrigava todo o povo a trabalhar para si. Uns eram forçados a tirar as enormes pedras das pedreiras nos montes da Arábia, outros colhiam essas mesmas pedras e levavam-nas até aos montes da Líbia. Nesse trabalho empregava-se uma equipa de cem mil operários, que se renovava cada três meses. O povo extenuou-se assim durante dez anos para construir a calçada e as câmaras subterrâneas que Quéope fez construir como sepultura. A construção da própria pirâmide durou vinte anos.
Hérodoto
Os egípcios pagavam impostos ao seu rei o qual desempenhava importantes funções. Fazia as leis para que todos os egípcios vivessem em paz e, ajudado pelos seus nobres, zelava pelo seu bom cumprimento. Também dirigia o exército, protegendo o vale do Nilo e as tribos nómadas do deserto (...). Em troca, o povo egípcio tinha de sustentar o rei, pagando-lhe, a ele e aos seus funcionários, parte do que cultivavam ou fabricavam. (...)
Mas não era só ao faraó que os egípcios deviam obediência. Era também aos deuses. (...)
Juntos, o rei e os deuses eram os senhores do Egipto. Ao rei serviam os seus nobres, militares e escribas. Aos deuses serviam os sacerdotes e seus escribas. (...) Os egípcios acreditavam nos deuses e no faraó e trabalhavam para eles.
Trevor Cairns, Los Inícios de la Civilización
Disseram-me que queres pôr de parte as letras e te voltas para o trabalho do campo (...). Não te recordas da condição do lavrador, quando vêm cobrar o imposto sobre a colheita? Os vermes levaram-lhe a metade do grão e o hipopótamo comeu o que restava. Caem os gafanhotos, a passarada pilha (...). Que calamidade para o camponês! O que ainda possa ficar na eira roubam-no os ladrões. A junta de bois morreu a puxar o arado. E, agora, o escriba chega ao porto para taxar a colheita. Traz com ele guardadas armas de varas. (...) E dizem: «Dá-nos o grão!» Mas ele já não o tem (...). Então batem no camponês, estendido no chão. Carregam-no de correntes e lançam-no no fosso; ele mergulha na água e chafurda, de cabeça para baixo (...). O escriba está acima de todos. O que trabalha escrevendo não sofre impostos, não tem obrigações a pagar. Lembra-te disto.
Sátira dos Ofícios
Sumário:
Aprendizagens e competências a desenvolver:
O que deves conseguir fazer no final da(s) aula(s):
Orientações para o teu estudo: